Série: perfil de vereadores

Conheça o médico carioca que virou santa-mariense de coração e chegou a vereador  

José Mauro Batista


Francisco Harrisson também é militar da reserva Foto: Gabriel Haesbaert / NewCo DSM

O médico e major da reserva do Exército Francisco Harrisson de Souza, 45 anos, surpreendeu até antigos militantes e concorrentes do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) ao se eleger vereador nas eleições do ano passado. Estreante na política e no partido, ele fez 2.167 votos e foi o 12º mais votado entre os 21 parlamentares da atual legislatura. Mas a ligação desse carioca com Santa Maria começou há 15 anos, do outro lado do Brasil.

Nascido no Rio de Janeiro, Dr. Francisco, como é chamado oficialmente no Legislativo, decidiu se mudar para Santa Maria por influência de um colega militar, quando servia no estado do Amazonas, na fronteira com a Colômbia.

– Eu queria sair do tumulto do Rio de Janeiro, daquele ambiente de violência, e um amigo do Exército, que era de Santa Maria, me falou muito bem da cidade. E eu vim visitar, gostei, aqui conheci minha esposa, e fiquei – conta o médico, que veio de mudança para a Boca do Monte em novembro de 2003.

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Casado com a estudante de psicologia Clarissa Umpierre, com quem tem um menino de um ano e cinco meses (é pai de outros dois, do primeiro casamento, que moram no Rio), Francisco se aquerenciou no Coração do Rio Grande e já se acostumou a hábitos gaúchos. Desde que chegou à cidade, escolheu viver em regiões afastadas do Centro. Morou nos bairros Passo D¿Areia e Camobi até construir uma casa no Bairro Tomazetti.

Formado em Medicina pela Fundação Souza Marques, no Rio de Janeiro, em 1994, Francisco se especializou em ortopedia e traumatologia, e fez concurso para oficial médico do Exército, escolhendo morar na fronteira com a Colômbia, onde ficou por dois anos.

Plantas e animais

Em Santa Maria, divide as horas de lazer com a família, amigos, plantas e animais de estimação. O vereador tem seis cães, entre eles três vira-latas, 20 periquitos ingleses e seis canários belgas. O apego à bicharada é a explicação para morar em bairros afastados e também para ser um dos integrantes da chamada ¿Bancada dos Bichos¿. Recentemente, um projeto de lei do vereador causou polêmica ao propor acesso de pets em ambientes públicos (leia abaixo).

Mas, no Legislativo, o médico tem outras prioridades, entre elas a saúde pública. Presidente da Comissão de Saúde, Francisco acredita que, como vereador, poderá ajudar o atual governo a melhorar o atendimento a pacientes, principalmente às gestantes, tal o número de queixas de grávidas durante o parto. 

Dr.Francisco, como é conhecido, cria cachorros, periquitos e canários em sua casa. Ele  tem entre suas bandeiras a defesa dos animais Foto: Gabriel Haesbaert / NewCo DSM

Além disso, o médico destaca que pretende desenvolver ações nas áreas de educação e esportes, como forma de garantir gerações mais saudáveis.
Sobre a crescente violência no município, o vereador diz, ¿sem medo¿, que a cidade é tranquila, mas faz um alerta, com a experiência de quem se criou na cidade que ganhou a fama de ser a mais violenta do Brasil.

O que pensam os políticos de Santa Maria sobre a condenação de Lula

– Santa Maria tem essa coisa boa da proximidade com as pessoas, da facilidade de transitar e da violência muito menor que num grande centro. Mas aqui também tem invasões e formação de bolsões de miséria, com ausência de escolas, de postos de saúde e de organizações sociais. É onde surge o estado paralelo. Em Santa Maria ainda há tempo de o estado atuar – diz.

ENTREVISTA

Diário de Santa Maria – Como o senhor entrou na política?
Francisco Herrisson – Nas conversas com amigos, colegas e vizinhos, discutíamos muito os problemas da cidade e como resolvê-los. Numa dessas rodas, havia um amigo que conhecia a família do Beto Fantinel (Roberto Fantinel, assessor especial do governador José Ivo Sartori), e acabamos nos conhecendo. Em fevereiro do ano passado, o Beto me convidou para entrar no PMDB. Ele me disse que ¿se eu tinha tanta vontade de melhorar as coisas, tanta ideia legal, eu tinha de concorrer¿. Aí, eu amadureci a ideia, conversei com pessoas e fiz um curso para pré-candidatos na Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB. O Beto é o meu padrinho político. Antes disso, minha única experiência tinha sido um trabalho com a Secretaria de Saúde de Nilópolis, no Rio, onde eu havia montado um pronto-socorro em traumatologia e trabalhava no SUS.

Diário – Que tipo de demandas chegam à Comissão de Saúde da Câmara, presidida pelo senhor?

Francisco – Temos trabalhado muitos assuntos ligados aos servidores municipais, que apelam para a comissão para reivindicar algum direito, saber da utilização de alguma verba, e nós temos de dar uma satisfação. Também chegam questões relacionadas à violência obstétrica (situação envolvendo grávidas em trabalho de parto). São queixas relacionadas à falta de carinho no atendimento à gestante, e há casos de mães que relatam perda de filhos e de crianças que sofrem sequelas neurológicas irreversíveis no parto. Isso tudo na versão das mães. Estamos fazendo um trabalho junto com a Comissão de Direitos Humanos da Câmara para a humanização da saúde. Formamos um grupo de trabalho e essas mães estão constituindo uma ONG. A Comissão de Saúde também pretende fazer audiência pública para discutir o atendimento à gestante em Santa Maria.

Foto: Gabriel Haesbaert / NewCo DSM

Diário – Como o senhor avalia a saúde pública na cidade e o desempenho do prefeito Jorge Pozzobom como secretário da área?
Francisco – A saúde em Santa Maria tem muitas deficiências, como a falta de médicos, e esse é um problema a ser resolvido o mais rápido possível. Há número insuficiente de pediatras e clínicos  gerais, por exemplo. Não há uma especialidade que se possa dizer que está boa. Quanto ao prefeito Pozzobom, enquanto secretário, ele ataca vários pontos ao mesmo tempo. Somos diferentes, eu trabalho focado. Mas ele tem de ir da atenção básica para o pronto-socorro, passando pela maternidade, que está no meio. Ele está cumprindo as metas que estipulou para si mesmo, e conta com o apoio da Comissão de Saúde. Acho que ele passará o cargo em seguida.

Projeto que permite acesso de animais a lojas e outros locais causa polêmica

Diário – O senhor esperava tanta repercussão, principalmente críticas, do projeto de lei que permite a entrada de animais de estimação em ambientes públicos? O senhor vai alterar o texto?

Francisco – O projeto foi copiado de outras prefeituras, e nosso objetivo foi provocar esse debate com a sociedade para se chegar ao projeto ideal. Vamos mudar algumas coisas, e a primeira é que vamos restringir o acesso a cães, gatos e pássaros. Também vamos tirar balneários, piscinas e farmácias da lista de locais. Basicamente, é isso que muda.
 Quanto à repercussão, eu não esperava. Antes de lançarmos o projeto, a gente conversou com comerciantes e com o pessoal das ONGs. Mas a repercussão foi bem maior. Uns xingam, outros opinam. E há até gente brincando, perguntando se pode levar elefante no shopping. Isso faz parte do bom humor do brasileiro.


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